Os gritos desesperados do filho, ao telefone, a alertá-la para que não saísse de casa porque existiam terroristas à solta no bairro onde viviam, perto do Bataclan, alertaram Manuela Gonçalves para o terror que estava a acontecer em Paris, na noite de 13 de Novembro. Pouco depois começou a ouvir tiros e os gritos de desespero das pessoas que foram alvo do ataque terrorista no Bataclan, perto do prédio onde é porteira, junto com o marido José. Ela natural de Fafe, ele da Maia. Conheceram-se na França e casaram há já 26 anos. Até aí, disse, um bairro calmo e pacato, onde nunca assistira a qualquer episódio de violência. Nessa noite transformara-se num cenário de terror. “Vai ficar na minha memória para sempre porque foi uma noite mesmo de terror. Só quem assistiu é que sabe”, disse ao Notícias de Fafe. Manuela e o marido não hesitaram quando um polícia lhes perguntou se poderiam acolher no pátio do prédio as pessoas que fugiam do Bataclan. “O meu marido disse logo que sim e mais de 100 pessoas entraram por aqui dentro e aqui ficaram até às cinco da manhã. Muitas estavam feridas, com camisolas cheias de sangue, outras estavam com frio, outras descalças, havia de tudo. Tentamos confortá-las com cobertores, com roupa, água, o que tínhamos”, contou. “Nunca senti medo. Nunca pensei no pior. Estava de coração aberto para os receber”, afirmou Manuela.
Um gesto que lhe valeu o reconhecimento da Câmara de Paris que no passado sábado lhe atribuiu, e ao marido, José Gonçalves, a Medalha de Bronze da Cidade de Paris por terem ajudado a socorrer as vítimas do ataque ao Bataclan. Também o Município de Fafe, na reunião de Câmara de ontem, aprovou um voto de louvor a Manuela Gonçalves, homenageando a postura e acção desta fafense, e outros cidadãos, que, colocando-se em risco, foram solidários com as vítimas dos atentados.
Veja a notícia completa na edição impressa