Por Esta Banda - Quarto C & Valter Lobo

Por Esta Banda - Quarto C & Valter Lobo

Esta semana, o Notícias de Fafe dá a conhecer mais dois nomes da música em Fafe. Os Quarto C, uma banda recente que, apesar de já serem amigos há algum tempo, formaram-se  em 2012.

Valter Lobo iniciou-se na música aos 14 anos por intuição e vontade própria e já conseguiu conquistar todo o país. Tendo lançado o primeiro EP em 2012, os seus singles ainda tocam nas rádios nacionais.

'Quarto C'

Os Quarto C são um quarteto que se identifica com o estilo folk, mas têm outras influências que alteram um pouco a sua musicalidade. Carlos, Catarina, Cíntia e João são os músicos desta banda que funciona como uma família. Depois do sucesso do seu EP Casa, os Quarto C dizem “estar com bom feeling para este ano”. Os Quarto C são uma banda recente. Apesar de já serem amigos, formaram-se em 2012 quase por acaso. “Um dia lembrámo-nos ‘porque não?’ e virou logo um ‘porque sim’.” O nome foi decidido quando já tinham um concerto marcado. A ligação desta banda ao lar é evidente, não só porque ensaiam num quarto, como também consideram que casa não é só um edifício, mas sim toda a atmosfera de segurança que transmite, “É onde nos sentimos bem”. Dentro da banda Carlos, Catarina, Cíntia e João têm as funções bem delimitadas. Carlos toca guitarra, Catarina ukulele, Cíntia melódica, xilofone e shaker e João fica com o cajon, melódica e pandeireta. “Ou seja dentro da banda podemos dizer que temos um grupo de cordas e um grupo de precursão”. Todos são os vocalistas desta banda. O facto de cantarem em harmonias é “ um dos pontos que marca a diferença porque não temos o formato original de uma banda com um frontman. Acaba por ser a identidade da banda, termos sempre tudo aos quartos.” A criação acontece sempre em conjunto. Grande parte das vezes a ideia surge do Carlos, mas depois todos a trabalham e apesar de todas as modificações nunca perdem a ideia original. “Já aconteceu a pior ideia resultar na melhor música.” Como qualquer banda, os Quarto C sonham em tocar em grandes palcos, no entanto são exigentes com o tipo de sala ou de público. Preocupam-se é com passar algo para o público, criar uma atmosfera única de partilha e de envolvimento. “Queremos que as pessoas estejam envolvidas nas histórias que nós contamos. Nós não debitamos música, fazemos muito mais que isso.” O seu Casa EP ficou no top 10 dos melhores EPs de 2014 do programa Santos da Casa, da RUC - Rádio Universitária de Coimbra. A banda diz que a gravação do EP foi “assustadora, mas fenomenal”. Deu para descobrir muita coisa, foi um processo criativo fantástico. Já levávamos 5musicas prontas para gravar e até a ordem já estava mais ou menos definida. Mas o que entrou foi muito diferente do que saiu.” Salientam os nomes de Sérgio Lopes e do produtor Ricardo Rocha como fundamentais para o processo de desenvolvimento do EP. “O input do Ricardo foi espetacular (...) por uns tempos fomos um Quarto C mais um”. Os Quarto C dizem com orgulho que em Fafe “há muito talento” e que é um período “muito bom” e bastante produtivo. No entanto dizem que é preciso mudar hábitos e que as iniciativas não podem parar. Este ano querem dar muitos concertos ao mesmo tempo que vão trabalhando na criação para que no final do ano já tenham “material pronto para alguma coisa. (...) Só queremos ficar por casa quando tiver que ser.” O futuro é incerto e todos os elementos têm outras paixões além da música. “Nós gostamos mesmo muito daquilo que fazemos, mas se fosse obrigação se calhar perdia o bichinho não sei... Faz parte deixar as coisas fluir e ver como corre.” No entanto garantem que é um passatempo, “nós levamos isto muito a sério”.

 

'Valter Lobo'

Valter Lobo é um dos músicos de Fafe que conseguiu conquistar todo o país. Tendo lançado o primeiro EP em 2012, os seus singles ainda tocam nas rádios nacionais. Valter tem estado a trabalhar em algo novo e desvenda um pouco do que aí vem onde faz questão de marcar “Estou a afastar-me do Inverno que vivi e estou a caminhar para o calor, em direção ao Mediterrâneo”.
Valter Lobo iniciou-se na música aos 14 anos por intuição e vontade própria. A primeira influência partiu do pop rock britânico, especialmente com a música e atitude dos Oasis que o fascinava. “Para um adolescente nos anos 90 que ouve e gosta de música, os irmãos Gallagher eram verdadeiros mitos, seres inalcançáveis. "
Entregou-se ao curso de Direito, mas o bichinho da música nunca desapareceu. Sobre duas áreas tão distintas refere que “a música e tudo que a envolve é uma verdadeira paixão. Quem gosta verdadeiramente não a consegue deixar para trás. O Direito é a minha área de formação superior de que gosto muito e com o qual quero estar sempre ligado, de uma maneira ou outra. Os Direitos de Autor e dos Artistas, por exemplo, interessam-me cada vez mais.”
Foi já homem e advogado formado que se dedicou seriamente à sua carreira de músico a solo.  Apesar de algum cepticismo dos que o rodeavam, Valter nunca se queixa de falta de apoio. Mesmo sendo “uma música mais triste e melancólica”, o seu primeiro single foi muito bem recebido pelos media e pelo público em geral. O feedback não demorou a chegar. “Isso fez-me perceber que as músicas existem na sua verdadeira essência. Se alguém reage para dizer bem ou dizer mal, é porque existem, não passam despercebidas. O importante é que atinjam alguém de alguma forma”.
Depois do EP de estreia, "Inverno", o músico fafense reeditou-o com mais três faixas bónus gravadas ao vivo num só take.  Agora encontra-se a preparar um novo trabalho. Quer fazer “algo bem feito, no linha do anterior mas em que se verifique um avanço, que dei um passo em frente”.
Revelando um pouco sobre o novo álbum, Valter Lobo diz que “a fase de total isolamento está a terminar” e que o público pode esperar “uma primavera bem mais amena”.
A criação de músicas é algo muito natural para Valter, que está sempre acompanhado da guitarra. “Solto uns acordes inconscientemente, vou cantando qualquer coisa e as canções surgem. Passo muito tempo a tocar, a criar coisas novas e vou escrevendo sempre o que vou pensado, refletindo o estado de espírito do momento.” Completa dizendo: “quando escrevo nunca penso se alguém vai analisar as canções.”
As suas letras tem tendência para ambientes mais tristes, melancólicos e nostálgicos. Lobo justifica: “A tristeza não vem diretamente do meu interior, até me considero uma pessoa relativamente feliz, mas sim de uma insatisfação generalizado, como a não concretização de alguma coisa seja a que nível for, ou um sentimento de impotência perante algum comportamento, uma incapacidade diante das nossas falhas como humanos”.
Questionado sobre as suas ambições, Valter Lobo assume uma atitude humilde. “Não tenho um objetivo pretensioso de encher grandes salas. Gostava de um dia tocar no estrangeiro em português, em salas pequenas cheias de mística”. Mantém a mesma postura em relação aos festivais, tanto como músico como espetador. “Não gosto muito de festivais com milhares de pessoas porque há uma grande maioria que não está lá para ouvir com dedicação a música e acaba por não apreciar integralmente os artistas. Perde-se muito no que fica escondido nos palcos secundários e terciários”.
Valter Lobo considera que o país está numa fase muito produtiva com uma nova geração com grande potencial, no entanto diz que ainda “falta ao público gostar de música nacional. Acho que neste momento está a haver uma mudança, há maior procura e uma maior aposta em músicos portugueses”. Para o músico, Fafe não é exceção “Sempre houve gente com valor, pessoas que soubessem tocar bem”. No entanto deixa um conselho “temos de criar uma identidade no que fazemos para não sermos meras imitações.”

Pub.

Pub.

2024 ©NOTÍCIAS DE FAFE ® - Todos os direitos reservados